Um em cada cinco motociclistas em Natal circula sem habilitação, aponta STTU

Dados da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (STTU) mostram que 20% dos motociclistas abordados em blitzes realizadas em Natal durante o mês de maio estavam sem habilitação ou com documentação irregular. A situação representa risco à segurança no trânsito e pressiona diretamente o sistema de saúde pública da capital e do Rio Grande do Norte.

Em abril, esse índice chegou a 30%, o que correspondeu a 297 condutores em situação irregular. Já em maio, o número caiu para 198. A redução está associada ao aumento das fiscalizações nas ruas, o que motivou parte dos condutores a buscar regularização. As ações de fiscalização envolvem a STTU, Detran/RN, CPRE, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e têm apoio do Ministério Público.

Além das blitzes, a estratégia inclui ações educativas com palestras, cursos de direção defensiva e visitas a empresas, principalmente aquelas com maior uso de motociclistas.

Um dos desafios enfrentados pelas autoridades é identificar quantos dos condutores trabalham por meio de aplicativos de entrega, já que muitos não informam essa condição após acidentes, temendo represálias das plataformas digitais. Isso gera subnotificação e dificulta um diagnóstico mais preciso da realidade.

Paralelamente, a procura por autoescolas tem crescido entre jovens que buscam formação adequada e regularização para dirigir motocicletas, seja para fins pessoais ou profissionais.

As autoescolas relatam que erros comuns entre novos condutores incluem o uso incorreto do capacete, excesso de velocidade, ultrapassagens perigosas e desrespeito às regras de trânsito. A formação busca, além da técnica, desenvolver consciência sobre segurança viária e legislação.

Aumento nos acidentes e impacto na saúde pública

A região sul de Natal, especialmente o trecho urbano da BR-101, lidera o número de sinistros com motocicletas. Em 2024, foram registrados 103 acidentes apenas nessa via. De forma geral, o número de acidentes com vítimas lesionadas vem crescendo: foram 1.139 casos em 2021, 1.253 em 2022 e 1.472 em 2024. A maioria das vítimas são homens. Lagoa Nova é o bairro com maior índice de sinistros, enquanto a quarta-feira é o dia da semana com maior número de acidentes com lesões.

Segundo dados do Detran/RN, o estado conta atualmente com uma frota de 680.948 motocicletas, motonetas e ciclomotores, superando os 668.460 automóveis registrados. Em Natal, os automóveis ainda predominam, com 51,39% da frota, enquanto as motos representam 28,3%.

O levantamento também aponta que cerca de 84 mil condutores estão com a CNH vencida, suspensa, cassada ou sem renovação há mais de cinco anos. Outros 60 mil veículos apresentam licenciamento atrasado. No entanto, não é possível afirmar quantos desses continuam circulando, já que os dados se referem apenas ao sistema de cadastro do Detran.

Superlotação e custos elevados nos hospitais

Entre janeiro e abril de 2025, o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel atendeu 2.859 motociclistas acidentados — uma média de quase um atendimento por hora. A gravidade dos casos tem aumentado, pressionando a capacidade de atendimento e os recursos do sistema público de saúde.

Em Macaíba, a unidade ortopédica criada para reduzir a sobrecarga do Walfredo Gurgel recebeu cerca de 200 vítimas de acidentes com motos, entre fevereiro e abril de 2025. O custo estimado com cirurgias e tratamentos de motociclistas acidentados no Walfredo, apenas em 2024, foi de cerca de R$ 30 milhões.

Para tentar conter os impactos desse cenário, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesap) participa do Programa Vida no Trânsito, contribuindo com campanhas educativas e ações de fiscalização realizadas por órgãos municipais e estaduais.