A Praia de Areia Preta, localizada na Zona Leste de Natal, foi novamente classificada como imprópria para banho, segundo o boletim de balneabilidade semanal emitido pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) nesta segunda-feira (28). O trecho específico afetado inclui a Praça da Jangada e a Escadaria de Mãe Luiza, onde despejos de efluentes foram observados desde a semana passada, gerando risco à saúde dos banhistas.
Entre os trechos monitorados de Natal e Grande Natal, a praia de Areia Preta é a única considerada inapropriada para banho, enquanto todas as demais áreas estão dentro dos padrões de qualidade. O monitoramento de balneabilidade é realizado semanalmente e considera os critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que estipula que os níveis de coliformes termotolerantes devem ficar abaixo de 1.000 por 100 mL de água durante cinco semanas consecutivas para que uma praia seja considerada segura.
Nos relatórios recentes, o índice de coliformes em Areia Preta tem variado: começando com 71, depois 56, subindo para 79, caindo para 3 e agora em 69 na última coleta. Embora esses níveis estejam dentro do limite, a presença de despejos observados no local fez com que o Idema mantivesse a classificação de impróprio para banho. Segundo o Idema, o despejo irregular de esgoto foi detectado na galeria de águas pluviais, onde deveria haver apenas água da chuva, aumentando o risco de contaminação.
Ações de Fiscalização e Limpeza
Em resposta ao problema, a Prefeitura de Natal e o Governo do Estado intensificaram as fiscalizações na área, e a Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte (Caern) vem realizando ações de limpeza no sistema de esgotamento sanitário. A intensificação das ações permitiu, em agosto, que o trecho de Areia Preta fosse considerado próprio para banho pela primeira vez em mais de um ano. No entanto, a situação voltou a se agravar recentemente, com um novo aumento na poluição da água.
Segundo a Caern, o problema atual está relacionado a ligações clandestinas na rede de drenagem. A fiscalização está sendo coordenada pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), que trabalha em parceria com a Companhia para identificar e corrigir esses pontos de despejo irregular.
Histórico de Poluição
A Praia de Areia Preta tem enfrentado um histórico de problemas de balneabilidade, permanecendo imprópria para banho durante quase dois anos consecutivos. Em 2023, o local passou 12 meses com níveis de coliformes fecais acima do permitido pelos padrões do Conama. Em julho deste ano, descobriu-se que o condomínio Infinity Areia Preta lançava esgoto não tratado na praia, sendo um dos principais responsáveis pela poluição no local. Além do Infinity, outros dois empreendimentos — o Motel Raru’s Via Costeira e o Restaurante Muquecas — foram flagrados despejando dejetos na área.
Os três imóveis foram multados com valores entre R$ 10.414,15 e R$ 51.555,22 e receberam um prazo de 72 horas para resolver o problema. Em caso de descumprimento, a Semurb determinou que as tubulações responsáveis pelo despejo seriam bloqueadas para cessar o lançamento de esgoto.
O monitoramento contínuo e as ações de fiscalização têm como objetivo restaurar a qualidade da água e garantir a segurança dos banhistas, promovendo a preservação da Praia de Areia Preta como uma área segura e limpa para o lazer da população.