Michele Pinto da Silva, de 39 anos, foi batizada numa igreja evangélica no último sábado, apenas dois dias antes de ser incendiada pelo ex-marido na estação de trem Augusto Vasconcelos, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio. Segundo parentes de Michele, o crime foi motivado pela recusa do homem em aceitar o fim da relação. Ela morreu na noite de quarta-feira, após dois dias internada no Hospital municipal Pedro II.
Além do bastismo, realizado na Igreja Evangélica Fé para Todos, Michele também participou de sua primeira ceia, celebrada no domingo. O momento, que acontece no primeiro domingo de cada mês, reforça o elo entre os evangélicos e Deus.
A igreja divulgou o vídeo do bastismo de Michele nas redes sociais, aproveitando para pedir orações pela vida dela, que ainda estava no hospital, e de sua família. Na gravação, Michele aparece vestida com uma roupa branca e bastante emocionada.
Feminicídio
O principal suspeito do crime é Edmilson Félix do Nacimento, de 44 anos, com quem Michele foi casada por oito anos. Em fevereiro, ela teria decidido se separar e até procurou a polícia para registrar ocorrência contra Edmilson, que a teria agredido, ameaçado e quebrado móveis da casa dela por ciúmes.
Após a denúncia, Michele conseguiu na Justiça uma medida protetiva de urgência contra o agressor, que também é pai de sua filha caçula.
A assistência jurídica, contudo, não foi suficiente para proteger Michele. Na última segunda-feira, enquanto aguardava um trem na estação Augusto Vasconcelos, ela foi atacada por Edmilson, que a incendiou e fugiu pelos trilhos. A mulher foi socorrida e levada para um hospital, onde chegou com 90% do corpo queimado.
À irmã, Edimilson teria dito que vozes na cabeça dele o instigavam a matar Michele. No dia do crime, ele mandou mensagem para ela avisando que havia tomado veneno e iria cometer suicídio.
O carro dele foi encontrado na Ponte Rio-Niterói e o Corpo de Bombeiros procura pelo corpo na Baía de Guanabara. Como está desaparecido, Edmilson foi indiciado pelo feminicídio de Michele.
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