O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a negar qualquer participação ou influência nos ataques de 8 de janeiro de 2023, que resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes, em Brasília.
Nesta quarta-feira (26), pouco após ter sido tornado réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe, Bolsonaro afirmou que nem mesmo Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens e delator no caso, o relacionou aos atos. “Foi mostrado um vídeo hoje aqui no STF sobre o 8 de janeiro. Eu sou o culpado? Na delação de Mauro Cid… vamos partir do princípio que está tudo certo com a delação dele… ele diz que ficou sabendo do 8 de janeiro no dia 8 de janeiro”, declarou.
O ex-presidente também destacou que, entre os 500 acordos de não persecução penal firmados com manifestantes presos, nenhum menciona seu nome. “Nos acordos que eu tomei conhecimento, ninguém me cita”, disse.
Saída do Brasil e críticas às investigações
Bolsonaro defendeu sua decisão de deixar o Brasil antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), justificando que não queria passar a faixa presidencial. “Graças a Deus eu saí no dia 30 de dezembro de 2022, porque não queria passar a faixa para um cara com um passado como o Lula tem. Não há crime nenhum nisso. Fui para os Estados Unidos”, afirmou.
Ele também criticou a condução das investigações e acusou o então ministro da Justiça, Flávio Dino, atual ministro do STF, de omitir informações. “Essa artimanha do 8 de janeiro… Eu falo artimanha porque o ministro Flávio Dino, quando era ministro da Justiça, negou os vídeos das câmeras de segurança do Palácio do Planalto”, declarou.
Acusações e rejeição à hipótese de golpe
Bolsonaro ironizou uma das acusações contra ele, que envolve destruição de patrimônio público. “Das cinco acusações contra mim, uma é destruição de patrimônio. Só se foi por telepatia”, afirmou.
Ele também descartou qualquer possibilidade de golpe, destacando que, à época, as Forças Armadas já estavam sob comando do governo eleito. “Vai dar golpe com os comandantes do Lula? Se os meus tivessem sido mantidos, poderia até ter uma elucubração nesse sentido. Mas os comandantes jamais embarcariam numa aventura”, concluiu.