Advogados em Natal atuaram como 'mensageiros do tráfico', diz TV

Advogados em Natal estão sendo investigados pela polícia sob a suspeita de atuarem como "mensageiros do tráfico" na Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na região metropolitana da cidade. As informações foram divulgadas pelo Fantástico, da TV Globo.

De acordo com as investigações, oito advogados teriam agido como intermediários, levando e trazendo mensagens entre traficantes detidos na penitenciária e criminosos que estão fora do complexo de Alcaçuz.

O programa Fantástico revelou uma das mensagens, na qual a advogada Amanda Macedo cobra dinheiro de um traficante preso, dizendo: "Amigo, o que aconteceu? Preciso do dinheiro, compreende?".

Amanda Macedo e o advogado Romualdo Barbosa foram presos no final de novembro, em Natal, por associação criminosa, conforme informado pelo Fantástico.

O delegado Pablo Beltrão destacou que as mensagens trocadas abrangem desde o controle do tráfico de drogas até a organização de uma facção criminosa que atua no Rio Grande do Norte. Os recados incluem ordens de assassinato e empréstimo de armas.

A cooptação de advogados para enviar mensagens para fora do presídio teria sido motivada pela falta de energia elétrica e tomadas no complexo prisional de Alcaçuz. Esses profissionais têm a prerrogativa de manter em sigilo os documentos que mostram apenas para os detentos.

A defesa de Amanda Macedo afirmou que "se resguardará" em relação a confirmar se ela levava ou não bilhetes para o presídio, alegando não ter a integralidade dos autos.

Em nota, a defesa de Romualdo Barbosa também informou que não teve acesso aos autos.

Quanto aos advogados condenados em primeira instância por associação criminosa neste ano, quatro deles continuam exercendo a profissão, com a possibilidade de visitar presídios, conforme apurou a reportagem.

Esses advogados estão recorrendo em liberdade, utilizando tornozeleiras eletrônicas. Um deles é Monalisa Albuquerque, que alega que os promotores do caso não ouviram plenamente sua defesa.

O promotor de Justiça Augusto Lima destacou que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) suspendeu a licença de alguns advogados por 90 dias, mas, mesmo assim, não houve julgamento desses procedimentos disciplinares. Atualmente, não existe nenhum impedimento para que esses advogados ingressem no complexo prisional.